
O Fotógrafo de Mauthausen: o filme da Netflix que todo fotógrafo deve assistir
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"Prisioneiro em campo de concentração nazista rouba negativos de fotos das atrocidades cometidas". Curta e direta, esta é a sinopse fornecida pelo Google para o filme O Fotógrafo de Mauthausen
Dirigido pela ótima Mar Targarona, o longa aborda uma história ligada ao complexo de campos de concentração de Mauthausen, durante a Segunda Guerra Mundial, sob a ótica do fotógrafo espanhol Francesc Boix, que era escravo no local.

Ator Mario Casas, que interpretou o fotógrafo Francesc Boix
Como você sabe, nós da EPICS sempre falamos sobre filmes, séries e documentários sobre fotografia disponíveis na Netflix ou YouTube. E dessa vez não será diferente, porque este título é uma produção da própria Netflix.
RESUMO SEM SPOILERS
Localizado na Áustria, os complexos de Campos de Concentração de Mauthausen detiveram centenas de milhares de prisioneiros durante o assombroso período do Holocausto.
Os prisioneiros eram selecionados para trabalhar em condições de escravidão nas mais diferentes funções, como pedreiras, fabricação de armas e munições, peças de avisões, minarações, etc.
Mas uma das funções disponíveis era para auxiliar na sala escura de revelações fotográticas de Mauthausen, a qual foi designada para o espanhol Francesc Boix.
Sim, havia um fotógrafo oficial no local, responsável por registrar o dia a dia dos detentos para apresentar aos superiores em ocasiões de visita. Tudo era registrado: de retratos comuns a corpos empilhados aos montes, bem como fotos dos métodos de tortura e de barbárie do regime.
Com o tempo, Boix ficou íntimo de uma câmera analógica, e foi "pegando o jeito" da fotografia, até que passou a ser o fotógrafo favorito dos oficiais complexo. O fotógrafo passou até a ser chamado para registrar eventos particulares dos generais nazistas.

Francesc Boix em evento particular de um general nazista
HITLER ORDENA QUEIMA DE ARQUIVOS
Ao saber que a guerra estava perdida, Hitler ordenou que todos os arquivos de Mathausen fossem exterminados e que desaparecem completamente. Prontamente, Boix percebeu que a ordem se tratava de uma literal queima de arquivos a fim de evitar condenações futuras. E aí que começa a trama do filme.
Todos os registros eram arquivados em papel negativo. Enquanto Boix e seus companheiros acatam à ordem dos nazistas, o fotógrafo protege uma única caixa com vários negativos que comprovavam as brutalidades cometidas naquele local, colocando a sua e a vida dos companheiros em grave risco. Qualquer desvio de conduta no complexo era motivo para pena de morte.
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O fotógrafo Francesc Boix cumprindo ordem de queima de arquivos
Toda a trama se baseia em prol da esperança de contribuir com a condenação dos nazistas no futuro - o que ninguém sabia se seria possível, mas foi. Em 5 de maio de 1945, as tropas alemãs abandonam Mathausen, deixando os negativos que Boix e seus comapnheiros haviam escondido em vários lugares do complexo.
Era uma série de arquivos que comprovavam os horroroes que aconteceram por ali. Por isso, o fotógrafo ficou conhecido como O homem que ajudou a comprovar o Holocausto.
Extremamente desumano e rígido, o regime de trabalhos forçados causou centenas de milhares de mortos. Não há um número oficial, mas estima-se que o número de mortes esteja entre 70 e 100 mil.
Vídeo de Francesc Boix testemunhando contra os nazistas, nos Julgamentos de Nuremberg, que julgavam os crimes de Guerra do período do nazismo
PARALELO COM A FOTOGRAFIA
De um modo geral, o filme acena diversas vezes à fotografia contemporânea. Tais cenas surpreendem pela semelhança com a fotografia que conhecemos hoje em dia, princialmente em termos de direção de fotografia. Há uma cena em que Boix é levado para evento particular de um general, onde ele posiciona toda a família de nazistas antes de realizar o clique.
Em outro momento, Boix ouve do general-fotógrafo que a arte da fotografia "depende do ponto de vista" do fotógrafo, afirmando que tudo é uma questão de olhar. Tal afirmação soa muito familiar hoje em dia, não é?
Outrora, quando os nazistas abandonam o campo de concentração, o general-fotógrafo permanece no local e se rende, dizendo que "apenas imortalizava momentos", mas que nunca matara ninguém. Pelo menos no filme, sua vida foi poupada por Boix, que troca uma arma por uma câmera no momento da libertação dos prisioneiros.
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CONFIRA ALGUNS TAKES QUE MERECEM DESTAQUE DO FILME

Francesc Boux dirigindo a família de um general nazista antes de fazer a foto

General nazista ordenando execução de prisioneiro que tentou escapar

Fotógrafo do campo de concentração registrando a condenação do prisioneiro

Por outro ângulo: fotógrafo do campo de concentração registrando a condenação do prisioneiro



Francesc Boix sendo torturado para entregar os negativos escondidos

Um dos negativos (do filme), mostrando prisioneiros adultos e crianças nus

Fotógrafo nazista dizendo uma frase muito conhecida pelos fotógrafos

Take final do filme, onde Boix, já fora do campo de concentração, faz fotos de uma família judaica
Vinícius Franco
Jornalista com especialização em Cinema & Linguagem Audiovisual.
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